Oportunidades de intercâmbio transformam a vida de alunos de escolas públicas
REDAÇÃO – O programa “Cidadão Global: de Minas para o Mundo”, promovido desde 2019 pela Fundação Helena Antipoff no Município de Ibirité (Região Metropolitana de Belo Horizonte), foi tema de audiência pública da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta terça-feira (9/4/24).
O programa concede bolsas de intercâmbio a alunos de escolas públicas, com o objetivo de eliminar barreiras físicas e sociais para o acesso à educação intercultural. Deputados, educadores e estudantes destacaram a transformação na vida dos participantes e a importância de se propiciar essa experiência internacional a mais pessoas.
O programa se iniciou em 2019, com o envio de dois alunos à Itália para cursarem o ensino médio. Até o momento, 27 alunos participaram do intercâmbio de um ano em diversos países: Bélgica, Itália, Argentina, África do Sul, Espanha e França. Em contrapartida, foram recebidos oito estudantes de origem tailandesa, francesa e italiana, além de voluntários alemães.
“É um programa referência, em favor da igualdade e da cidadania”, destacou a deputada Ione Pinheiro (União), natural de Ibirité, que solicitou a audiência. A Lei 23.841, de 2021, teve origem em projeto da deputada e foi fundamental para viabilizar o programa. A norma inclui, entre os objetivos da Política Estadual de Juventude, a promoção da articulação entre instituições de ensino estrangeiras e mineiras, visando ao fomento de programas de intercâmbio estudantil.
O presidente da Fundação Helena Antipoff, Vicente Alves, explicou que esse amparo legal permitiu à instituição, vinculada ao Governo do Estado, ter orçamento para custear o intercâmbio dos alunos. Os dois primeiros estudantes contemplados foram à Itália com o apoio de uma empresa privada. Hoje, já são 20 estudantes beneficiados e, em 2025, serão disponibilizadas 40 vagas.
Experiência internacional mexeu com a comunidade escolar
A Escola Sandoval Soares de Azevedo, pertencente à fundação, é uma das maiores do Estado, com 3,6 mil alunos, e a com menor índice de evasão, segundo o gestor. Para ele, em um cenário em que convencer os jovens a permanecerem na escola é um desafio, criar oportunidades concretas para se interessarem pelos estudos, como o programa de intercâmbio, é fundamental.
Nessa perspectiva, a diretora da escola, Lorenna Cardoso, disse que alunos do ensino médio já sonham com as vagas no programa, o qual mexeu com a comunidade de Ibirité, ao mobilizar a própria escola, professores e as famílias dos alunos.
Para o superintendente da Regional de Ensino Metropolitana B, Heverton Oliveira, o intercâmbio estudantil mudou a visão pedagógica de toda a escola, não se restringindo ao aluno beneficiado.
Também se disse encantado com o programa o deputado Professor Cleiton (PV), que recomendou a sua expansão para outros municípios. Segundo ele, as oportunidades de intercâmbio são praticamente restritas às famílias de alta renda no País. Nesse sentido, ressaltou o fato de a escola pública possibilitar esse capital intelectual.
De forma semelhante, Kellen Senra, subsecretária de Estado de Desenvolvimento da Educação Básica, salientou que o programa oferece a estudantes da rede pública a possibilidade de sonhar além do que o dia a dia lhes proporciona.
Emilly Vitória Ramos e Luiz Henrique Bernardes puderam realizar o sonho do intercâmbio por meio da fundação e deram um testemunho da sua importância em suas vidas. “O impossível se torna possível para quem acredita. No intercâmbio, pude conhecer pessoas e visitar lugares que só via em filmes”, afirmou Luiz Henrique, que hoje trabalha com o ensino de idiomas. Ambos os alunos estudaram na Itália.
Programa não se restringe à concessão de bolsas
Idealizadora do “Cidadão Global”, a gerente de Projetos e Resultados da Fundação Helena Antipoff, Carolina Silva, explicou o seu funcionamento.
Tudo começa com a seleção de cem alunos da fundação e cem alunos de outras escolas públicas previamente inscritos. Eles participam de palestras e oficinas de formação na educação intercultural. Depois, tem início a seleção daqueles interessados nas bolsas de intercâmbio, que são parte do programa.
Por meio de dinâmicas de grupo e entrevistas individuais, são escolhidos os bolsistas. Assim como seus pais, eles passam por um processo de preparação de um semestre, em reuniões de orientação.
Alguns dos pré-requisitos são não ter sido reprovado nos últimos três anos, ter uma frequência superior a 75% das aulas e uma nota média global acima de 70% do total.
A bolsa inclui passagem aérea, seguro de saúde, acomodação em casa de família, refeições básicas, uniformes, livros didáticos, transporte escolar e uma ajuda de custo mensal de R$ 1.100.
Foram pré-selecionados para o programa 21 países, dos cinco continentes.