quarta-feira, dezembro 4, 2024
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Movimentos evidenciam baixa entrega de casas populares pelo governo

REDAÇÃO – Deputados e representantes de movimentos de luta por moradia reivindicaram foco na construção de casas populares e na participação popular, no planejamento e na execução das políticas habitacionais em Minas Gerais, durante audiência pública nesta sexta-feira (29/11/24). Representantes do governo estadual apresentaram as ações em andamento, como oferta de auxílios para compra de imóveis, mas foram criticados pelos presentes.

A reunião foi realizada pela Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) a partir de requerimento de todos os deputados do Bloco Democracia e Luta, de oposição ao governador Romeu Zema (Novo). O encontro foi motivado por projeto que visa criação de fundo privado com direitos creditórios da Companhia de Habitação de Minas Gerais (Cohab), criticado pelos participantes.

déficit habitacional de Minas Gerais foi o ponto de partida das discussões. De acordo com a deputada Bella Gonçalves (Psol), meio milhão de famílias não têm casa no Estado, enquanto 1,2 milhão de imóveis estão vazios. “Qual a relação entre essas coisas? É que quanto mais gente está sem casa, maior o valor desse imóvel. O nome disso é especulação imobiliária”.

A parlamentar indagou os representantes do governo estadual sobre quantas casas foram construídas nos últimos anos pela Cohab. Ela também questionou a venda de terras da Cohab, que, na sua opinião, poderiam ser usadas para construção de moradias. Por fim, apontou a falta de parcerias com o governo federal, por meio do programa Minha Casa, Minha Vida, o que poderia facilitar a entrega de mais moradias.

As primeiras respostas foram dadas pelo diretor-presidente da Cohab, Márcio Almeida Bernardino. Segundo ele, em 2023 a companhia construiu 170 casas, enquanto em 2024 foram 89 casas. Sobre a venda de terrenos, ele afirmou que se tratam de terras em locais sem vocação residencial, como zonas industriais.

O subsecretário de Política de Habitação da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedese), Henrique Oliveira Carvalho, por sua vez, disse que terrenos estaduais já foram colocados à disposição para construção de casas pelo programa Minha Casa, Minha Vida.

Desde o ano passado, segundo Henrique Oliveira Carvalho, foram construídas 450 moradias viabilizadas pelo programa federal e este ano já foram assinados acordos para construção de outras 450, além de 3 mil banheiros e mil casas para reforma.

Henrique Carvalho disse que a discussão da política habitacional em Minas foi interrompida para aguardar o rito da Conferência das Cidades, que será realizada em 2025. Ele garantiu que até o final deste ano, o Estado divulgará o edital de chamamento para a composição da comissão organizadora, incluindo movimentos sociais e representantes da sociedade civil.

Os presentes apresentaram outros projetos de construção de casas populares para ressaltar a insuficiência da atuação da Cohab nesse âmbito. Segundo o deputado Professor Cleiton (PV), o Município de Itabuna, na Bahia, construiu 90 casas em um ano – ou seja, o mesmo que todo o Estado de Minas Gerais.

As 30 mil casas que foram construídas pelos movimentos sociais em Belo Horizonte nos últimos anos foram lembradas pela deputada Bella Gonçalves. Já o representante da Pastoral Metropolitana dos Sem Casa, Carlos Alberto Santos da Silva, destacou que o último empreendimento de casas populares de Belo Horizonte foi entregue em 1995.

Ainda em contraste com os números apresentados pelo governo estadual, a representante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Carolyne de Souza Sobrinho, destacou que o grupo foi contemplado no edital do governo federal e vai construir 900 unidades de moradia pelo programa Minha Casa, Minha Vida.

A experiência de parceria entre governo federal e movimento social foi elogiada pelo deputado Leleco Pimentel (PT). Ele lembou do Projeto de Lei (PL) 195/23, que institui a Política Estadual de Produção Social de Moradia por Autogestão, e foi recentemente aprovado na ALMG. O parlamentar pressionou pela sanção do projeto e pela sua efetivação.

Por outro lado, o deputado criticou a fragmentação da política habitacional em Minas. “É patente que é para desmontar qualquer possibilidade do sonho da casa própria”, acusou.

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