quinta-feira, novembro 21, 2024
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História, fé, tradição e cultura marcam comemoração dos 80 anos do Parque Estadual do Rio Doce

TIMÓTEO – Uma contação de história sobre os 80 anos do Parque Estadual do Rio Doce e os 50 milhões de anos da Mata Atlântica marcou, neste domingo (14/7), a abertura das comemorações do aniversário da maior área contínua de Mata Atlântica de Minas Gerais. A história, contada pela atriz Daniela Alves, retratou a beleza do parque, suas lagoas e seus encantos, a riqueza da fauna e da natureza e a relevância dessa Unidade de Conservação tão importante para a preservação da biodiversidade em Minas.

O Parque Estadual do Rio Doce, primeira Unidade de Conservação criada em Minas Gerais, administrada pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), além de ser a maior reserva de Mata Atlântica do Estado, também possui o terceiro maior complexo de lagos do país. A festa de aniversário contou com a presença da comunidade que vive nos municípios do entorno do parque, homenageados, servidores e ex-funcionários, além de colaboradores e diversas autoridades.

O gerente do parque, Vinícius Moreira, se emocionou com as comemorações e ressaltou o papel fundamental da comunidade na relação com o parque. “Minha história, minha vida se entrelaçam com esse parque, que considero como um pai, um pai que me presenteia, me protege. Essa Unidade de Conservação é reconhecida mundialmente e agora buscamos o reconhecimento de todos que moram no entorno, para podermos desfrutar dessa exuberância que ele nos oferece dia a dia. Sei que todos nós temos consciência da importância desse parque para todos, lugar onde ficamos “roucos” de ouvir tanta biodiversidade”, disse.

O ex-ministro de Meio Ambiente e servidor aposentado do IEF, José Carlos Carvalho, também ressaltou a importância da unidade de conservação. “Não quero falar em nome do que fui, mas falar como servidor do IEF. Devo a ele tudo que eu fui ao longo da minha jornada profissional. Esse ato que realizamos hoje representa muito porque há 80 anos, em pleno desbravamento da região do Rio Doce, felizmente, uma liderança política teve a clarividência de criar uma unidade de conservação, e ela está aqui pujante, unindo passado e presente para reforçar a importância desse parque”, frisou.

José Carlos Carvalho ressaltou a importância da unidade de conservação ao estado

Breno Lasmar, diretor-geral do IEF, reforçou que o caminho de participação da comunidade está traçado e que é preciso cada vez mais incentivo. “Hoje é um dia muito especial e marcante. Nosso papel como incentivadores para que a comunidade e, principalmente as crianças se conectem com o parque, brinquem e aprendam a preservar, é fundamental. Temos muitos desafios ainda, mas hoje, celebramos, sobretudo, as conquistas”, frisou.

A secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Marília Melo, lembrou-se da história do parque e dos 80 anos traçados até agora. “Hoje celebramos a história. 80 anos significa uma visão de vanguarda. Quando falamos de história, falamos de um grande legado que muitos funcionários e servidores deixaram. Que possamos continuar esse trabalho tão fundamental para a conservação da biodiversidade. Precisamos olhar para o território onde as unidades de conservação estão inseridas com um olhar de conectividade. Caminhamos juntos com uma visão de futuro, garantindo qualidade de vida e, principalmente, garantindo o desenvolvimento sustentável. Que consigamos a cada dia demonstrar à sociedade que a preservação e o desenvolvimento sustentável é que vão dar oportunidades para toda a sociedade em termos de desenvolvimento social e econômico”.

Uma homenagem às pessoas que prestaram relevantes serviços ao parque durante essas oito décadas também marcou a cerimônia. 28 pessoas entre autoridades, ex-servidores do Parque, membros da comunidade, conselheiros e funcionários foram homenageados.

Um dos homenageados, o ex-gerente do parque Mauro Izumi se emocionou com o reconhecimento. “Recebo esse reconhecimento com muita satisfação e honra. Deus e a natureza me presentearam com essa homenagem. Gerenciar o parque durante 12 anos, entre 1988 e 2000, numa época de reconstrução do parque, foi uma oportunidade de fazer uma conexão com as comunidades e também com as empresas e prefeituras da região do Vale do Aço e do Rio Doce. Hoje, com essas mudanças climáticas que o mundo vive, o Parque Estadual do Rio Doce, com seus mais de 35 mil hectares e suas 42 lagoas, oferece uma oxigenação para mais de 500 mil habitantes da região, contribuindo ainda para o índice pluviométrico e, não apenas para a questão da natureza, mas da oportunidade para a população poder vir e receber essa energia cósmica, que é capaz de promover a paz entre as pessoas, paz que precisamos aqui nesse planeta para convivermos em comunhão com todos os irmãos”, disse.

A festa contou, ainda, com a apresentação de um vídeo sobre a proposta de reformulação do viveiro de mudas José Lourenço Ladeira, fruto do Termo de Parceria entre o IEF e o Instituto Ekos. O Instituto Ekos Brasil venceu o Edital de Seleção Pública IEF Nº 01/2021 e é a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) que está investindo recursos durante quatro anos em infraestrutura, proteção e preservação dos recursos naturais do espaço. O aporte financeiro de R$21 milhões faz parte de um Acordo Judicial firmado entre a Fundação Renova e o IEF, homologado na 12ª Vara Federal de Belo Horizonte, em função do rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana.

Durante as comemorações também foi lançado o Livro: Bichos da Mata Atlântica – A Biodiversidade do PERD. Outras atrações como uma Feira de Artesanato com produtos de artesãos e produtores locais, música ao vivo com o artista local, Douglas Neto, e atividades educativas e culturais voltadas para o público infanto-juvenil, também abrilhantaram a festa.

HISTÓRIA

A riqueza do Parque, situado nas cidades de Marliéria, Dionísio e Timóteo, no Vale do Aço mineiro, chamou a atenção do então Arcebispo de Mariana Dom Helvécio Gomes de Oliveira, que provocado pela comunidade de Marliéria, encampou em visita pastoral na região, organizada pelas comunidades na década de 30, ao ponto de sugerir aos presentes que se criasse uma reserva florestal naquele espaço.

Foi assim que, em 14 de julho de 1944, nasceu a primeira unidade de conservação de Minas Gerais. A 200 km de distância Belo Horizonte a unidade de conservação é gerenciada pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF).

BIODIVERSIDADE

O Parque Estadual do Rio Doce, com seus 35.976 hectares, se destaca pela rica biodiversidade e árvores centenárias que fazem parte de um universo de florestas altas e estratificadas. Nele, é possível encontrar, por exemplo, o jequitibá, a garapa, o vinhático e a sapucaia.

A maior reserva de Mata Atlântica de Minas Geras abriga populações de espécies raras da fauna, como as onças pintada e parda, além da anta, do tatu canastra e dos bicudos (Sporophila maximiliani), espécie reencontrada após 80 anos sem registro em Minas Gerais. Além disso, o número de espécies encontradas no parque corresponde a 50% de todas as aves registradas em Minas Gerais e 1/5 do total de espécies registradas no Brasil.

Seu sistema lacustre também impressiona com suas 40 lagoas naturais, que proporcionam um espetáculo raro de beleza. A Lagoa Dom Helvécio se destaca com seus 6,7 quilômetros de extensão e 32,5 metros de profundidade.

Com relação à flora, em algumas áreas do parque já foram registrados mais de 1,5 mil indivíduos arbóreos por hectare, com árvores que ultrapassam 30 metros de altura. O Rio Doce apresenta flora consideravelmente rica, sendo listadas, ao todo, cerca de 1.420 espécies. Nas lagoas e brejos da unidade de conservação são conhecidas pelo menos 136 espécies de macrófitas aquáticas, muitas encontradas apenas nas áreas úmidas do parque.

O Parque Estadual do Rio Doce é reconhecido internacionalmente como Sítio Ramsar, por conservar zonas úmidas consideradas prioritárias na estratégia global de proteção da biodiversidade. O título foi conferido pelo Secretariado da Convenção Ramsar, que pertence à União Mundial para a Conservação da Natureza (IUCN), sediada em Gland, na Suíça.

A Unidade de Conservação é aberta à visitação pública e proporciona aos visitantes oportunidades de lazer e recreação, além de uma reconexão com a natureza por meio do contato com a flora, fauna e seus lagos naturais de água doce.

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