Exemplos de sucesso e propostas de soluções para a bacia do Rio Doce encerram debate público
REDAÇÃO – As duas mesas de discussões da parte da tarde desta segunda-feira (6/5/24) do debate público “Os Impactos e a Revitalização da Bacia do Rio Doce” foram direcionadas para experiências de recuperação de mananciais e propostas para regeneração dos cursos d´água e participação da sociedade. O evento foi promovido pela Comissão Interestadual Parlamentar de Estudos para o Desenvolvimento Sustentável da Bacia do Rio Doce (Cipe Rio Doce), no Auditório José Alencar da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
O coordenador regional da Cipe Rio Doce, deputado Leleco Pimentel (PT), lamentou a ausência da Fundação Renova, empresa responsável por gerir os programas de reparação dos impactos provocados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, em 2015. “A Renova nunca se fez presente a um debate sequer promovido pela Assembleia”.
Dentre os expositores da primeira mesa, o engenheiro, ambientalista e educador João Bosco Senra apresentou o programa Pró-Mananciais da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), para proteger e recuperar microbacias hidrográficas e de cursos d´água utilizados para captação da água para abastecimento. O programa, iniciado em 2017, é desenvolvido em parceia com prefeituras, escolas públicas, órgãos do governo, organizações não governamentais (ONGs) e iniciativa privada.
No ano passado, o programa atendeu 291 municípios, com investimentos de R$ 39,66 milhões. Foi realizado o plantio de 35.112 mudas nativas para reflorestamento de áreas degradadas, 698 quilômetros de cercamento de nascentes e 96.253 m² de aceiros (desbastes entre vegetações para evitar propagação de fogo). Também foram construídas 11.206 bacias de contenção de águas de chuva e reparos em 986 km de estradas, além da construção de 461 km de terraços de lavoura, para evitar a erosão do solo.
O programa também investe em educação ambiental, oferecendo oficinas de formação para agricultores, estudantes e moradores dos municípios. Segundo o engenheiro, a participação social é ponto central do programa. Todas as prioridades, soluções e aplicação dos recursos são definidas pela comunidade. “Acredito que através dela (educação ambiental) que se cria um processo efetivo de participação, de envolvimento, de engajamento das pessoas e que evita o desvio dos recursos”, afirmou.
Presidente do Conselho Diretor do Instituto Terra, Juliano Ribeiro Salgado relatou vários programas desenvolvidos pela instituição ao longo de 25 anos. Um exemplo é a transformação de uma fazenda de 700 hectares numa floresta com mais de 320 espécies plantadas. Já foram recuperadas mais de 2 mil nascentes, oferecidos 85 mil cursos para pequenos produtores, restaurados e recuperados lençóis freáticos.
Atualmente, o instituto, em parceria com a Fundação Dom Cabral, está iniciando o Programa Terra Doce, com prazo de dez anos de duração. O objetivo é promover a transformação econômica das comunidades pelo incentivo da agrofloresta.
De acordo com Juliano Salgado, nos próximos cinco anos, a previsão é implantar 1.050 ha de agroflorestas, com plantações em pasto e cultivo de cacau em comunidade indígena, além da recuperação de 4 mil nascentes. Devem ser atendidas 600 famílias em 28 municípios de Minas Gerais e Espírito Santo, pertencentes à bacia do Rio Doce.