211 cidades em Minas sofrem com falta de vacinas; Prefeitos temem surto de doenças
REDAÇÃO – Uma semana após o Estado registrar a primeira morte por coqueluche em 2024, a Associação Mineira de Municípios (AMM) divulgou, nesta sexta-feira (6), levantamento que aponta falta de vacinas em todas as regiões do Estado. Em algumas localidades, os atrasos no abastecimento já passam de quatro meses. A situação é considerada “alarmante” pelos prefeitos.
Ao todo, 211 cidades participaram da pesquisa da AMM. Todas relataram baixa no estoque de imunizantes. Segundo a associação, a falta da vacina contra a varicela, por exemplo, ocorre em 93% dos municípios pesquisados.
No último dia 30, quando foi confirmada a primeira morte por coqueluche em Minas, de um bebê de dois meses em Poços de Caldas, o Governo de Minas relatou que uma das vacinas contra coqueluche está em falta. Na segunda-feira seguinte (2), a AMM informou que, na verdade, sete imunizantes estariam em falta no Estado.
Os dados apresentados nesta sexta são de um levantamento realizado de terça (3) a quinta (5) junto a gestores de todas as regiões. As várias reclamações por falta de vacinas e a carência de explicações concretas pelos órgãos competentes pela compra e distribuição dos imunizantes motivaram a consulta da AMM.
Vacinas em falta (porcentagem entre os 211 municípios que responderam à AMM):
- Vacina contra Varicela: 93%
- Vacina Meningocócica conjugada grupo C: 54,4%
- Vacina Covid XBB: 52%
- Vacina Hepatite A: 28,1%
- Vacina Tríplice (DTP): 25,7%
- Vacina contra a Raiva em cultura celular / vero: 15,2%
- Vacina contra Febre Amarela: 4,7%
- Vacina Meningocócica ACWY: 1,2%
Segundo o presidente da AMM e prefeito de Coronel Fabriciano, Dr. Marcos Vinicius, que é médico, a situação é alarmante. “Se não houver a regularização da distribuição das vacinas aos municípios, podemos ter um surto de várias doenças em Minas”, alerta.
Os prefeitos sugerem melhorias da logística, com otimização da distribuição. Eles também cobram frascos “unidoses” para reduzir desperdício e garantir maior fornecimento durante as campanhas vacinais.
Ainda de acordo com a AMM, a maioria dos entrevistados relatou atrasos de abastecimento de mais quatro meses. Porém, há municípios com atrasos de até dois anos, diz a associação.
A AMM informou que já pediu explicações ao Ministério da Saúde, responsável pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), em ofício protocolado no dia 2 de setembro. Mas que, até o momento, não recebeu resposta oficial da entidade.
“Vamos agora enviar essa pesquisa e ver se eles se sensibilizam com a gravidade da situação em Minas Gerais”, explica Dr. Marcos, que é também vice-presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM).
O que dizem os governos Estadual e Federal
Em meio às dificuldades enfrentadas pelos municípios, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) e o Ministério da Saúde (MS) dão explicações diferentes para o mesmo problema. Enquanto a SES informa que as solicitações de novas remessas não estão sendo entregues em sua totalidade, o MS diz que mantém o envio de forma regular.
Uma lista enviada pela secretaria mostra que só no caso da vacina Meningo C foram solicitadas mais de 663 mil doses, mas o Estado recebeu apenas 191 mil. “A SES esclarece que todas as doses recebidas são repassadas para as 28 Unidades Regionais de Saúde, para que sejam distribuídas de acordo com a demanda dos municípios”.
Já o MS informou que foram distribuídas 4,8 milhões de doses das setes vacinas em questão ao Estado e, até o momento, “o sistema de informação registra 1,9 milhão de doses aplicadas”.
Ainda segundo a pasta federal, caso ocorra falta de vacinas em municípios específicos, a orientação é que seja feita a redistribuição de doses dentro do território. Sobre o imunizante contra Meningo C, nas regiões que registrarem falta, a recomendação é para substituição pela Meningo ACWY, de mesma eficácia, cujos estoques estão regularizados, mantendo a população protegida.