ALMG discute a criação de Universidade Federal do Vale do Aço em Audiência Pública
REDAÇÃO – Nesta segunda (10) a Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizou audiência pública para debater o “fortalecimento e a expansão do ensino superior nos Vales do Aço e do Rio Doce, como política de reparação pelo rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana, da Samarco (Vale-BHP)”.
A audiência foi resultado de articulação realizada entre a Vereadora de Ipatinga Professora Cida Lima (PT), o vereador de Timóteo Vinícius Bim, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) – Subsede Ipatinga -, o Diretor Geral do Instituto Federal de Ipatinga, a Deputada Estadual Beatriz Cerqueira (PT) e o Deputado Federal Rogério Correia (PT).
Participaram da audiência pública alunos e professores da Escola Estadual Dona Canuta Rosa Oliveira Barbosa, Escola Estadual João XXIII, Pré-vestibular comunitário EducAfro – Núcleo Atitude, Instituto Federal de Minas Gerais e Escola Estadual Salvelino Fernandes Madeira.
Para Vinícius Bim, a ampliação do ensino federal na região é um dos maiores ganhos que a população pode ter. “Não temos que descartar a instalação de uma universidade no Vale do Rio Doce, mas quero lutar por uma universidade no Vale do Aço. Valadares fica a 115 km de Ipatinga e essa distância é um dificultador para os moradores da nossa região”, defendeu.
Situação do Vale do Aço
Foi discutida na audiência pública a baixa oferta de ensino superior público federal no Vale do Aço, a ausência de cursos de humanas e de ciências sociais aplicadas no IFMG e CEFET-MG, e o contraste da região, que, se por um lado é metropolitana e com elevado PIB, por outro possui um baixo Índice de Desenvolvimento Humano e uma elevada concentração de renda, conforme dados do CadÚnico e da Receita Federal.
Durante a audiência pública o Diretor Geral do IFMG, Alex Fernandes, argumentou que o Vale do Aço possui o menor número de professores federais por habitantes no estado: “São mais de 11 mil habitantes por professor federal, enquanto em outras regiões de Minas chega a 600 habitantes por professor”.
Para o estudante da rede estadual e morador de Ipatinga, Saulo Morais, a situação das escolas faz parecer que a universidade pública é um sonho distante: “Hoje nós vemos que a maioria das escolas estaduais possuem infraestrutura precária e agora com a implementação do recente ensino integral fica ainda mais estressante para nós estudantes… Isso ocasiona o sentimento de que fica distante da nossa realidade estar dentro de uma instituição federal de ensino”.
Repactuação pelo rompimento da barragem de Mariana/MG
Na audiência a principal proposta para realização da ampliação do ensino superior em Ipatinga/MG foi a utilização dos recursos da repactuação pelo rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana/MG.
A repactuação consiste em um acordo realizado entre as instituições de justiça e a Samarco (Vale-BHP) para reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem em Mariana/MG. Na repactuação a perspectiva é de que os danos causados possuem natureza coletiva, atingindo de diversas formas um número indeterminado de pessoas.
Segundo Olívia Santiago, Coordenadora Regional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB): “Para um real desenvolvimento, que seja realmente popular, que envolva as pessoas, tem que ter investimento na educação pública, para capacitar os jovens a estarem contribuindo, criando oportunidades de trabalho, de geração de renda”.
Encaminhamentos
A audiência pública encerrou com a realização de encaminhamentos e o compromisso dos presentes para a construção coletiva da ampliação e criação da Universidade Pública Federal na região.
Um dos principais pontos apontados como encaminhamento foi a ida à Brasília. Nas palavras do Deputado Federal Rogério Correia (PT), vice-líder de governo: “O Presidente Lula solicitou a todos os Ministérios uma lista, a partir de um debate feito nas comunidades, com o que precisa ser cobrado da empresa pelo crime que ela cometeu e no caso do Vale do Aço muitos são os municípios que reivindicam a questão de uma Universidade Pública… Eu sugiro marcar no Ministério da Educação, a partir da audiência, um debate com o Ministro da Educação… e que possa vir como reivindicação do Ministério da Educação referente ao acordo de Mariana”.
Assim, restou combinada uma ida à Brasília para apresentação da discussão ao Ministério da Educação e a criação de uma comissão regional, com o objetivo de levar o debate para a população e para as demais cidades dos Vales do Aço e do Rio Doce.
Finalizando a audiência, a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) afirmou o seu compromisso: “Eu faço parte dessa luta para ampliação do instituto federal, para presença de mais recursos federais, de mais instituições federais em Minas Gerais, a nossa Universidade Federal do Vale do Aço”.