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Preconceito contra pessoas gordas será tema de debate na ALMG

REDAÇÃO – A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realiza nesta quarta-feira (3/5/23), a partir das 14 horas, no auditório do andar SE, audiência pública para debater ações necessárias ao enfrentamento da gordofobia em Minas Gerais. O requerimento é de autoria da presidenta da Comissão, deputada Andréia de Jesus (PT).

Gordofobia é o preconceito contra pessoas gordas, consideradas inferiores, desprezíveis, doentes ou repugnantes por ser gordas. A audiência acontece uma semana após o falecimento de paciente de 38 anos no Instituto Mineiro de Obesidade (IMO), em Belo Horizonte, após a realização de procedimento estético de lipoescultura, para retirada de gordura corporal e distribuição em outras partes do corpo, com o suposto objetivo de obter “melhor contorno corporal”.

Acompanhe a reunião ao vivo e participe do debate. 

Esta é a segunda morte semelhante ocorrida no instituto em pouco mais de um ano. Lidiane Aparecida Fernandes de Oliveira, de 39 anos, teve embolia pulmonar após passar por dois procedimentos cirúrgicos, abdominoplastia e lipoaspiração, em dezembro de 2021, no IMO. O mesmo cirurgião plástico, Lucas Mendes, teria sido o responsável pelos procedimentos feitos nas duas vítimas.

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) instaurou inquérito para apurar o caso. O médico já foi denunciado por homicídio culposo pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).

Gordofobia discrimina e impede acesso

Preconceito estrutural enraizado na sociedade brasileira, a gordofobia se manifesta de diversas formas: pela aversão ao corpo gordo; pelo medo de engordar e pelos fatores limitantes ao corpo gordo, como ser impedido de utilizar serviços e acessar espaços. Violência institucionalizada presente em todos os espaços, a gordofobia não é criminalizada como acontece com o racismo e a LGBTQIA+fobia.

Em janeiro deste ano, Vitor Augusto Marcos de Oliveira, de 25 anos, morreu na porta do Hospital Geral de Taipas, na Zona Norte de São Paulo, por ter tido o atendimento recusado em dois hospitais por falta de equipamentos para atender pessoas obesas.

Ele aguardou por mais de três horas dentro da ambulância a disponibilização de uma maca pra obeso. A família alega que houve negligência no atendimento e falta de estrutura médica.

Uma das convidadas a participar da reunião na ALMG, a filósofa, professora e pesquisadora Malu Jimenez é uma mulher gorda e ativista que estuda corporalidades gordas desde 2014.

“Percebi que mulheres gastavam muito tempo e se organizavam socialmente para o emagrecimento, que havia preocupação e demonização da gordura. Mas não havia nada no Brasil sobre esse fenômeno social. Foi então que descobri os pesquisadores que estudavam o corpo gordo nos Estados Unidos, nos chamados ‘Fat Studies’, estudos do corpo gordo”, conta.

A feminista decidiu então que era hora de levar esse debate para além dos muros da universidade. “Comecei a entender porque as pessoas me odiavam. No Doutorado, ninguém sabia o que era gordofobia. Criei então o projeto Lute Como uma Gorda, que começou como um site e se tornou o meu Doutorado e o meu livro, para debater a patologização dos corpos femininos gordos em vários âmbitos das vidas dessas mulheres”, acrescenta.

Projeto federal busca criminalizar gordofobia

Projeto de lei federal 1.786/22, proposto pelo deputado federal José Guimarães (PT-CE), visa incluir a discriminação ou preconceito em razão do peso corporal relacionado à obesidade nos crimes previstos na Lei 7.716, de 1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor.

Além de Malu Gimenez, participam também da reunião nesta quarta (3), na ALMG, a fundadora e presidente da Agência de Iniciativa Cidadã e fundadora do Instituto Diversas, Rafaela Lima; a idealizadora do Projeto Plus Size da Quebrada, Glaucia Leilane Rocha da Silva; a deputada federal Dandara Tonantzin; e o promotor de justiça e coordenador de Combate ao Racismo e Todas as Outras Formas de Discriminação, Allender Barreto Lima da Silva.

 

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