sexta-feira, novembro 22, 2024
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Câmara de Ipatinga promove audiência pública sobre o tema da Campanha da Fraternidade 2023

Vereadora Cida Lima (PT) conduziu debate envolvendo representantes da sociedade civil, que discutem ações para combater a fome na cidade e no país

IPATINGA – A Câmara Municipal de Ipatinga promoveu ontem (21) audiência pública para debater a Campanha da Fraternidade de 2023, que tem como tema este ano “Fraternidade e Fome”. A iniciativa foi proposta pela vereadora Cida Lima (PT) e reuniu diversos representantes da sociedade para discutir ações de combate à fome.

A Campanha da Fraternidade é um evento anual organizado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) com o objetivo de promover a reflexão e a ação concreta em prol de uma sociedade mais justa e igualitária. Neste ano, com o lema “Dai-lhe vós mesmos de comer”,  a campanha busca conscientizar a população sobre a gravidade do problema e estimular esforços para combatê-lo.

No geral, a audiência pública proporcionou um intercâmbio de ideias e experiências, evidenciando a necessidade de ações conjuntas entre o poder público, a sociedade civil e a iniciativa privada para enfrentar o desafio da fome.

A vereadora Cida Lima ressaltou a relevância do tema.”Essa audiência tem o propósito de despertar a realidade da fome que a gente vive hoje no país e em nossa cidade. E ver quais são as alternativas que a gente precisa apresentar, tanto como sociedade civil como também Poder Público, para enfrentar esse desafio.”


Ao lado do padre José Geraldo de Melo, Leonor Pares explica os trabalhos realizados em assistência dos moradores de rua


Diversos representantes da sociedade participaram do evento. César Custódio,  coordenador nacional da Escola de Capacitação Antônio Frederico Ozanam, destacou os números da fome no Brasil.  Além disso, mencionou outros problemas causados pela fome, como a evasão escolar, escassez de moradia e explicou um pouco o papel da Sociedade São Vicente de Paulo, do qual é membro.

“Nós, vicentinos, não levamos apenas o alimento e a cesta básica a quem precisa. Nós temos que questionar o que levou aquela família a chegar naquela situação. O que podemos fazer para contornar aquela situação. O que podemos fazer para que isso não ocorra com outras famílias”, disse ele, acrescentando:

“Desde a fundação, decidiu-se que a sociedade iria fazer um trabalho de domicílio, visitando as pessoas e ali descobrindo a sua real necessidade, ajudando-as a sairem daquela situação emergencial. Sempre buscando alternativas para devolver a dignidade das pessoas. A sociedade foi fundada com esse princípio e tem esse princípio até hoje.”


A agricultora Meirivone Carla Oliveira fala sobre a agricultora familiar, importante responsável no fornecimento de alimentos no país


Outra participante, Leonor Peres, integrante da Pastoral do Povo em Situação de Rua, comentou sobre as diferenças entre os níveis de insegurança alimentar.

“Nós temos insegurança alimentar leve e moderada. São as pessoas que recebem uma cesta básica, para matar a fome. E nós temos a insegurança alimentar aguda, que atinge 46,7% das pessoas no norte e no nordeste do país. Eles não sabem o que comer hoje e muito menos amanhã.”

Leonor Peres citou ainda os diversos grupos dentro da Igreja Católica e de outras correntes religiosas que atuam no combate à fome.

“Tenho certeza que todos os grupos que realizam esse trabalho estão focados principalemente em alimentar a população em situação de rua, mas também acabam realizando outras ações emergenciais, como a compra de remédios”

Agricultora familiar, Meirivone Carla de Almeida contou um pouco de sua experiência na zona rural de Iapu. Ela é uma ferrenha defensora da agricultura orgânica, sem o uso de agrotóxicos, e defende a produção sustentável.  “Optamos em agredir menos a terra, porque ela precisa ser cuidada, e a gente só vai conseguir retorno dela se a gente cuidar dela.”


A audiência era aberta ao público, que pôde ir a tribuna popular se manifestar sobre o tema


Ao ouvir os relatos dos presentes, o padre José Geraldo de Melo enalteceu o trabalho de voluntários que, “com amor, fraternidade e motivados pela fé, levam o pão para todos”. “Certamente é algo que tem que ser reconhecido, alimentando essa atitude em todos nós.”

Ao fim da audiência, o público presente também pôde se manifestar na tribuna. A vereadora Cida Lima elogiou o encontro e espera que o debate sobre a Campanha da Fraternidade de 2023 possa resultar em ações concretas no combate à fome em Ipatinga. “Não podemos apenas ficar cobrando o Poder Público. Que façamos também um levantamento geral sobre o assunto aqui no município, por meio de uma plenária, uma grande assembleia, para que possamos, assim, tirar algo de concreto.”

Também participaram da audiência Vânia Maria de Oliveira, do MST, e José Silva de Assis, representante da Associação Ambientalistas Samambaia.

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