NOSSA OLIMPÍADA – CONFRATERNIZAÇÃO OU DISPUTA? NOSSAS OLIMPÍADAS
REDAÇÃO – Em tempo de Olimpíadas, não posso deixar de observar a busca frenética dos atletas por milésimos de segundo a menos, pelo centímetro a mais, pela cortada indefensável, pelo exercício perfeito para os nossos padrões. Comunicadores eufóricos ou decepcionados relatam o esforço dos atletas, que resvalam os limites humanos. Não raramente um ou outro atleta busca, atendendo a patrocinadores ávidos, aliar à física, uma boa dose de química para ampliar suas possibilidades.
Chamam de congraçamento mundial essa equiparação de valores que se faz em uma olimpíada ou em nossas ruas e quintais, argumento aceito sem contestação. Certa vez participei de um evento assim no meu setor de trabalho, arquitetado por uma competente equipe de Humanização. Trata-se, pois, de um costume tão cimentado na nossa civilização que não prevejo ecos para essa minha inquietação.
Não consigo ver a simetria que se apregoa entre a disputa e a paz. Vencedor e vencido se sujeitam a regras de bom relacionamento pela educação e condicionamento que recebem e expressam gestos de cordialidade que seriam impossíveis se arbitrados pela euforia ou pela decepção a que são acometidos. Se méritos há, é o da autocontenção diante do sucesso e do fracasso após se transitar provocadoramente nos limites emocionais do embate.
O nosso viver coletivo pode e deve ser um viver olímpico, onde buscamos fazer o melhor que podemos, buscando extrapolar nossos limites enganosos. Somos atletas operantes, que desbravam pacientemente os caminhos do pódio, somos atletas virtuosos que, com sabedoria e tenacidade, enchem de ânimo os seus iguais. Somos frágeis, senis ou pueris, que praticam modalidades distintas, igualmente essenciais no progresso humano. Somos atletas que se confundem, tropeçam ou se contundem, precisando de cuidados.
O Pódio nos aguarda logo ali. Temos a certeza que ele foi muito bem preparado, está muito bem cuidado e iluminado à nossa espera. Nossa medalha, o amor, que indica para nós o trajeto correto, com raios de fraternidade.
Por: Jaeder Teixeira Gomes – Escritor e morador de Timóteo – jaederteixeirag@gmail.com