Mulheres são as principais vítimas da pandemia
REDAÇÃO – Os impactos da pandemia de Covid-19 na autonomia econômica das mulheres, na saúde e na educação foram os temas abordados na tarde desta sexta-feira (12/3/21), na sequência do seminário virtual “Mulheres na luta: novos desafios trazidos pela pandemia e perspectivas”.
O evento faz parte do “Sempre Vivas: luta das mulheres em tempos de pandemia”, conjunto de atividades realizadas pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em parceria com instituições diversas e que marca o Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março.
O seminário teve início pela manhã, com debate sobre a violência contra a mulher. No segundo painel, que abriu a programação da tarde, a autonomia econômica da mulher foi considerada, por todas as participantes, fundamental para evitar situações de dependência financeira e potenciais agressões psicológicas por parte de seus parceiros.
A doutora em ciências sociais e integrante da Marcha Mundial das Mulheres, Elaine Bezerra, apresentou alguns casos de sucesso de trabalhos que se consolidaram durante a pandemia em municípios do interior do Estado, como grupos de mulheres que costuram máscaras de pano e produzem sabão. “Precisamos pensar em alternativas que possam ser desenvolvidas nos territórios mineiros, em caminhos que possam ser seguidos para a geração de renda”, ressaltou.
A presidenta do Coletivo de Mulheres do Norte de Minas e coordenadora regional da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg), Eliane Souto Silva, falou de iniciativas da federação, como a caderneta agroecológica, na qual as mulheres do campo passaram a contabilizar tudo o que vendiam e produziam e a receber de acordo.
Pós-graduada em economia solidária e especialista em diversidade, a administradora de empresas Laurana Silva Viana defendeu a formalização e o acesso ao crédito para microempreendedoras. Segundo ela, atualmente os empréstimos são mais caros para mulheres.
Em vídeo enviado à ALMG, a presidenta do Conselho de Administração do Magazine Luiza, Luiza Trajano, declarou ter esperança de que mulheres tenham espaço junto aos homens para fazer um País melhor no futuro.
s deputadas Andréia de Jesus (Psol), Laura Serrano (Novo) e Ana Paula Siqueira (Rede) ressaltaram o quanto as mulheres foram as que mais sofreram, em todos os setores, com a pandemia. “Tiveram carga de trabalho duplicada, com trabalho remoto, cuidados com a casa e familiares, além de serem impactadas pela crise econômica e diminuição da renda”, afirmou Laura Serrano.
Na saúde, mulheres também sofrem mais
Ao fazer a abertura do terceiro painel do dia e segundo da tarde, cujo tema foi saúde, a presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, deputada Ana Paula Siqueira, ressaltou o valor do trabalho do Sistema Único de Saúde (SUS) no combate à Covid-19, lembrando que as mulheres são maioria na linha de frente do enfrentamento da doença.
A defesa do sistema público também permeou as falas das três palestrantes, que enfatizaram a necessidade de se lutar contra o seu sucateamento. Também tiveram destaque nas abordagens o aumento da violência doméstica e da sobrecarga de trabalho das mulheres neste período, assim como o impacto disso na saúde delas, inclusive a mental.
A diretora do Instituto René Rachou, unidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Minas Gerais, Zélia Maria Profeta da Luz, apresentou um panorama da pandemia no Brasil, registrando que Minas Gerais, hoje, está em segundo lugar no número de casos. “Como as mulheres ocupam a maioria dos postos de trabalho na saúde, elas são as mais fortemente acometidas pela doença”, apontou.
Lu Dandara, idealizadora do projeto Aura da Luta, enfatizou as dificuldades das mulheres da periferia, citando o aumento no índice de gravidez não planejada e no consumo de álcool e outras drogas entre elas.