Morreu em BH aos 93 anos, o jornalista José Maria Rabelo, um dos fundadores do PDT
BELO HORIZONTE – Morreu nesta quarta-feira (29) o escritor e jornalista mineiro José Maria Rabelo, um dos fundadores do PDT, aos 93 anos.
A causa do óbito foi falência múltipla dos órgãos, como informou o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais. Ele foi velado na Casa do Jornalista, em Belo Horizonte.
O atual presidente do partido, Carlos Luppi publicou no Twitter seu pesar pela perda do colega. “Perda irreparável. A história da democracia brasileira perdeu hoje um dos seus mais brilhantes e corajosos líderes: José Maria Rabelo. Jornalista combatente contra a ditadura, trabalhista que, junto com Brizola, ajudou a construir nosso PDT”, disse.
Rabelo ajudou a fundar o PDT ao lado de Leonel Brizola, em 1979. Ele também foi um dos organizadores do “Encontro de Lisboa”, que ocorreu no mesmo ano e reuniu trabalhistas brasileiros exilados na capital portuguesa devido à ditadura.
Naquela ocasião, o mineiro foi um dos redatores da Carta de Lisboa, documento que deu fundamento à criação do partido. Rabelo presidiu o PDT mineiro por 18 anos.
Ele também fundou o jornal semanário O Binômio, que circulou entre 1952 e 1964. O periódico, criado para satirizar a gestão do então governador de Minas, Juscelino Kubitschek, é considerado um dos precursores da imprensa alternativa no Brasil e foi fechado durante a ditadura.
O jornalista sofreu perseguição política por sua atividade profissional e teve de se exilar na Bolívia, no Chile e na França após o golpe militar.
Realidade
Considerado um dos precursores da imprensa alternativa por ter criado o jornal “Binômio”, Rabelo fez questão de explicitar que nunca naturalizou a razão de viver na Bolívia, Chile e França.
“Nós nunca pensamos em deixar a luta no Brasil, tanto que fazíamos jornais, eventos e palestras lembrando a condição de exilados e a ditadura nos nossos países”, recordou.
“Muita gente pensa que o exílio é um passeio, uma festa. Muitos países não te recebem e você tem que bater à porta de outro país. É viver por conta própria. O exílio é uma prova muito dura, […] mas soubemos vencer. Voltamos ao Brasil enriquecidos com uma experiência extraordinária”, acrescentou.