Mesmo ameaçado, o jornalismo na cobertura da pandemia tem papel ativo e decisivo
REDAÇÃO – A busca por informações precisas, o combate às fake news, a adaptação às mudanças no dia a dia de atuação e a contribuição da imprensa para a sociedade durante a crise sanitária foram alguns dos assuntos abordados no Arena de Ideias, webinar semanal da In Press Oficina .
“A imprensa tem um papel ativo no combate à pandemia, já que a cobertura da Covid-19 se assemelha a de uma Guerra. A informação, com precisão e credibilidade, é uma arma vital para achatar a curva da doença e salvar vidas”. A afirmação é de Patrícia Maris, jornalista e sócia-diretora da In Press Oficina, durante o webinar e que debateu o papel da imprensa na cobertura da Covid-19.
O webinar reuniu especialistas em comunicação para discutir os novos desafios enfrentados pelos profissionais da mídia durante a crise, como a exposição e os riscos de contaminação, além das mudanças na rotina e nos ritos da cobertura jornalística nesse período desafiador, além do atual cenário de polarização política e o aumento dos casos de violência contra profissionais da imprensa no Brasil.
Participaram também do bate-papo virtual, o jornalista especializado em mercado financeiro da Agência Dow Jones e do The Wall Street Journal, Paulo Trevisani e o apresentador da TV Record e jornalista político, Luiz Fara Monteiro.
Índice de confiança na imprensa
Pesquisa do Datafolha, publicada em março, revela que as redes de televisão, com 61%, e os jornais impressos, com 56%, lideram o índice de confiança em informações sobre o Coronavírus. Ambos são seguidos por programas jornalísticos de rádio (50%) e sites de notícias (38%).
De acordo com Patrícia Marins, especialista em gestão de crise, imagem e reputação, a busca por informações nos veículos tradicionais de comunicação reforça a importância e a credibilidade do jornalismo profissional e contribui para que a sociedade escape de armadilhas, como as fakes News, nas redes sociais e nos aplicativos de mensagens.
“Com isolamento social, as pessoas se deram conta de que as redes sociais pode ser um criadouro de notícias falsas e espalhar um outro tipo de vírus, o das fake news. O que todo o cidadão que consome informação quer é credibilidade e ela sempre esteve associada à informação de confiança. Em tempos de pandemia, esse atributo ganha ainda mais poder. O jornalismo sério e competente é um dos pilares da república moderna e das democracias contemporâneas”, ressalta.
O apresentador da TV Record, Luiz Fara Monteiro enxerga como um dos pontos marcantes da cobertura da crise a rápida adaptação dos profissionais de comunicação com uma nova realidade no relacionamento com as fontes e também com o uso de equipamentos de proteção como as máscaras, inclusive em frente às câmeras e o uso de microfones específicos para os porta-vozes.
“Neste momento surreal, tivemos que nos adaptar da noite para o dia e usar novas tecnologias, assim como outras categorias profissionais. O contato próximo com as fontes foi interrompido o que traz mais dificuldades para apurar e checar as informações. Apesar das provações e pressões, acredito que todo o trabalho é feito com a intenção de beneficiar a sociedade, ouvindo diferentes fontes, como cientistas e médicos, para trazer conhecimento à população com informações corretas e checadas”, garante.
A polarização política e o ataque à imprensa
Os casos de ameaças e violência física contra profissionais da comunicação têm ganhado visibilidade nos últimos meses. Não sendo um caso isolado de Brasília, onde o Grupo Globo, o jornal Folha de S.Paulo, a Band e outras empresas de comunicação decidiram não enviar mais jornalistas ao Palácio da Alvorada para cobrir as entrevistas do presidente da República, Jair Bolsonaro, por conta da falta de segurança no local.
Segundo Paulo Trevisani, jornalista do The Wall Street Journal, a imprensa historicamente sempre sofreu com pressões e casos de violência. Para ele, o aumento dos casos se dá, entre outros fatores, pela intensa polarização politica no país e pelo fato do combate à Covid-19 também ser um tema político sensível, não apenas no Brasil, mas também em países que tiveram números crescentes de mortes, como China, Itália e Estados Unidos.
“O Jornalismo sempre esteve sob ataque. Qualquer profissional que esteja em situação de risco é preocupante e é preciso cuidado. É importante que a profissão sobreviva, se defenda com todas as forças, mas, ao mesmo tempo, se pergunte também sobre os motivos dos ataques. Os jornalistas estão se adequando a nova situação profissional e aprendendo coisas novas”, pondera.
Para ele, a crise da Covid-19 ressalta a importância da atuação do jornalismo profissional e sua contribuição para a população. “Tenho certeza de que a profissão de jornalista sairá fortalecida dessa crise e poderá capitalizar isso de forma ética e profissional para que, no futuro, o trabalho da imprensa seja ainda mais útil à sociedade”, completa.
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