Em Timóteo, a tradição centenária de Grutas nas escolas e prédios públicos se mantém
TIMÓTEO – Mais do que uma peça de decoração, as grutas nas escolas de Minas Gerais são relíquias que, literalmente, guarda a fé e a devoção das pessoas. Elas são abrigos para imagens de santos, que têm tanta representatividade e simbologia quanto os objetos de devoção.
A reportagem do JBN perguntou algumas pessoas ligadas a igreja católica sobre a origem das grutas. A única informação é a de que tanto as grutas quantos os oratórios nas escolas ou prédios públicos, remontam à Idade Média. Na ocasião, somente os reis tinham estes nichos em suas casas e os adornavam luxuosamente, inclusive com pedras preciosas. Depois, as famílias mais ricas também passaram a contar com altares particulares. O hábito de ter um lugar especial para guardar os santos foi se popularizando e chegou até as colônias portuguesas.
De acordo com os historiadores, em 1.500, a caravela que chegou ao Brasil trazia um oratório com a imagem de Nossa Senhora da Esperança. O hábito de proteger os santos em um local específico se espalhou pelas fazendas, senzalas, residências e chegou às escolas brasileiras através dos séculos.
Especificamente em Timóteo, o prédio do antigo Colégio Macedo Soares, hoje CEMEI e Secretaria Municipal de Obras, abriga de maneira intacta uma destas Grutas, considerada uma relíquia e que por sinal está carinhosamente bem preservada. Na Prefeitura de Timóteo, no térreo, bem abaixo das escadas, também está uma espécie de oratório, construído na mesma ocasião do prédio do Paço Municipal.
A gruta do Macedo Soares foi construida sob a orientação do Irmão Leopoldino. A concepção da gruta é dele. Tive a sorte de acompanhar o projeto de ponta a ponta. A santa na gruta é Nossa Senhora do Monte Carmelo, criadora da ordem das Carmelitas. Na época, era um colégio da ordem Salesiana. O diretor era o padre Zanor Pedro Rosa, gaúcho de nascimento e posteriormente transferido para o Colégio Don Bosco em Cachoeira do Campo. Outros professores desta época eram o Frei Emilio (Italiano, prof. de Música), Padre Henrique, Irmão Leigo Ronaldo e outros cujos nomes não me lembro. “Seu” Manoel era o Secretário da diretoria e responsàvel pelas saudosas cadernetas escolares, onde as notas dos alunos eram registradas. Voltando à gruta, em frente a ela foi construido um jardim com o formato do mapa brasileiro. Em cada estado foi colocado uma figura típica. Lembro-me bem da arara esculpida e pintada pelo meu pai. A água da gruta vinha de uma mangueira escondida entre as pedras.