Horta da Penitenciária de Ipaba abastece instituições com uma tonelada de verduras e legumes por mês
Ipaba – Ajudar famílias em situação de vulnerabilidade social e levar alegria para crianças são algumas das principais metas do setor de produção da Penitenciária de Ipaba I (Penitenciária Dênio Moreira de Carvalho), situada no Vale do Rio Doce. Para isso, 12 detentos trabalham em uma horta da unidade prisional, da qual são colhidos semanalmente cerca de 250 quilos de verduras e legumes direcionados para doações, o equivalente a cerca de uma tonelada por mês. Em uma marcenaria, também instalada na penitenciária, outros 10 presos fabricam brinquedos que estimulam a imaginação, a memória, a percepção e habilidades motoras.
O Banco de Alimentos da Prefeitura de Ipaba tem 424 famílias cadastradas, sendo que 84 recebem toda semana, de acordo com a época e a capacidade produtiva da horta, couve, taioba, cebolinha, mandioca, abóbora, milho, almeirão, quiabo, feijão e jiló. A gestora do Banco de Alimentos, Maria Auxiliadora Rodrigues, destaca a importância dos alimentos produzidos pelos detentos. “As pessoas do nosso cadastro vivem com muitas dificuldades, portanto, essas verduras e legumes fazem toda a diferença em suas vidas.” A servidora municipal conta que a origem dos alimentos é divulgada em redes sociais, e a iniciativa da Penitenciária de Ipaba tem recebido uma boa acolhida da comunidade.
Parte da produção da horta também já foi doada para a Escola Municipal Padre João Geraldo Rodrigues, a Escola Estadual Gerson Gomes de Almeida, a Casa Acolher e a Associação de Apoio ao Adolescente, à Criança e ao Idoso, dentre outras instituições. Em junho, os presos colheram, na horta da unidade, uma abóbora medindo meio metro e pesando 17 quilos.
Já a confecção dos brinquedos teve início em julho de 2018 e ganhou um nome que pôde ser visto no rosto de aproximadamente 900 crianças já presenteadas: Fábrica da Alegria. Na marcenaria atuam dez presos, mas 18 já passaram pela produção. No local, são confeccionados mensalmente, de forma artesanal, dominós, cachorros, tamboretes, relógio pedagógico, tangram — quebra-cabeça chinês —, cavalinhos e blocos de encaixe.
Em dois anos de atividades, os brinquedos da Fábrica da Alegria foram doados para creches, escolas e entidades assistenciais do município e da região. A Creche Mãe Jovelina é uma das instituições cujas crianças receberam os brinquedos confeccionados na penitenciária, no Dia das Crianças de 2018 e de 2019. A presidente da creche, Maria Lúcia Fontes, conta como foi a entrega, pelos policiais penais, dos cachorrinhos e cavalinhos de madeira. “As crianças vibraram, foi uma tremenda festa. Várias delas passaram a brincar no bairro com os presentes”.
Dedicação
As duas atividades de trabalho somente acontecem devido ao empenho da direção-geral da Penitenciária de Ipaba I e de todas as áreas envolvidas, em especial a de atendimento e de segurança.
O policial penal e gerente de produção da unidade prisional, Leandro Braga, avalia o trabalho social como uma importante ferramenta no processo de ressocialização dos detentos. “Graças às atividades laborais e à conscientização de sua importância para o meio social, o indivíduo privado de liberdade se sente valorizado ao colaborar com a comunidade. O benefício trazido pela produção dos alimentos e brinquedos ajuda a resgatar a dignidade destes homens”, reforça o policial penal.
Há dez meses na Fábrica da Alegria, Sérgio Alves de Amorim, 30 anos, é um dos detentos responsáveis por promover sorrisos de crianças, nas doações de brinquedos, principalmente no Natal e no Dias das Crianças. “Tenho uma filha de três aninhos. Faço as peças com o pensamento nela, como se fosse para ela brincar”, revela.
Pelo trabalho desenvolvido na penitenciária, os presos têm direito a remição de pena, ou seja, para cada três dias trabalhados, é reduzido um dia na condenação.
Infraestrutura
A mão de obra dos detentos da Penitenciária de Ipaba é ainda utilizada na melhoria e ampliação das instalações, na manutenção de viaturas e na fabricação de uniformes. Na oficina de costura trabalham 15 presos, os quais confeccionam, por mês, 5.500 calças e bermudas dos uniformes de detentos do sistema prisional.
No mês de maio, a unidade prisional também teve sua capacidade ampliada em 80 vagas. Foram construídas oito celas, para dez presos em cada uma, com recursos de aproximadamente R$ 80 mil, provenientes da Justiça.