sexta-feira, novembro 22, 2024
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Rede estadual garante aprendizado a alunos com autismo

REDAÇÃO – Se a professora Ariadna Gonzaga pudesse explicar em poucas palavras como é ensinar para uma criança autista, ela poderia resumir em “construir um laço afetivo e estar aberta para o aprendizado mútuo”. Ariadna, que trabalha na Escola Estadual São Pedro e São Paulo, na região de Venda Nova, em Belo Horizonte, está em seu segundo ano como professora de apoio de um aluno de 11 anos, que está cursando o 7º ano do ensino fundamental e cujos pais já questionaram a educadora sobre quais métodos ela usa depois de perceberem o desenvolvimento do filho. A resposta dela foi simples: “Foi ele quem me mostrou o caminho”.

No mês em que se comemora o Dia Mundial de Conscientização do Autismo (2/4), Ariadna, que é especializada em educação para pessoas com deficiência – condição fundamental para ser uma professora de apoio na rede estadual em Minas Gerais –, garante que é a experiência da convivência com alunos especiais a forma mais primorosa de aperfeiçoamento.

“Quando se tem um estudante autista ou com qualquer outro tipo de transtorno de desenvolvimento, é preciso trabalhar de acordo com as especificidades dele, sempre alinhando o aprendizado cognitivo à socialização. No entanto, é o aluno quem vai te mostrar como ele é e te ajudar, aos poucos, a construir os laços necessários para se estabelecer uma rotina de acordo com o que pede o seu Plano de Desenvolvimento Especializado (PDI), feito no início do ano letivo com base no diagnóstico pedagógico das demandas do aluno”, explica a professora.

Secretaria de Estado de Educação (SEE) conta com 4,2 mil estudantes com Transtorno do Espectro Autista matriculados, de acordo com o Censo Escolar 2018. A secretaria trabalha em toda a sua rede para que a oferta do ensino seja universal e inclusiva, garantindo o acesso ao conhecimento sem nenhuma forma de discriminação, ou seja, todas as escolas estaduais estão aptas a receberem alunos com deficiência.

Para isso, é oferecido o Atendimento Educacional Especializado (AEE), que tem por objetivo levar aos alunos com deficiências, transtornos do desenvolvimento e superdotação/altas habilidades, a atenção especializada que lhes possibilite a participação plena na escola. Este atendimento, em caráter complementar e de apoio, permite ao aluno um melhor aproveitamento de suas potencialidades, melhorando seu processo de aprendizagem e facilitando a sua inclusão nas classes comuns.

A diretora de Educação Especial da SEE, Maria Luiza Gomes Passos Vieira, explica que os profissionais para o apoio e suporte aos alunos são disponibilizados nas escolas conforme a necessidade e as atribuições a serem desenvolvidas, identificados a partir de uma avaliação pedagógica do estudante. O AEE em salas de recurso é ofertado no turno inverso ao de escolarização do aluno. A rede estadual possui 10,8 mil profissionais de Apoio à Comunicação, Linguagem e Tecnologia Assistiva e cerca de 2 mil para o Atendimento Educacional Especializado em salas de recursos.

“Essa assistência personalizada garante a inclusão e o desenvolvimento do aluno autista ao mesmo tempo em que ele se socializa com seus pares de idade, e isso contribui muito para o seu crescimento. Temos vários relatos de familiares que constataram a melhora nos processos cognitivos de seus filhos depois de serem transferidos para o Ensino Regular, em vez de continuarem em escolas exclusivas. A Secretaria de Educação tem investido na aprendizagem dos estudantes autistas e a grande frequência deles nas escolas mostra isso”, disse Maria Luiza.

A diretora da escola São Pedro e São Paulo, Rosane Belico, afirma que as políticas de inclusão da SEE sempre foram absorvidas por toda a comunidade escolar. “Se tem coisas que podemos dizer que praticamos aqui todos os dias é inclusão e respeito. São cerca de 50 estudantes com deficiência, sendo que 20 deles são autistas. Todos os alunos têm uma aceitação maravilhosa uns dos outros, além de serem pacientes e colaborativos com aqueles que mais precisam”, afirma Rosane, que atua desde 1978 como educadora de alunos especiais na rede estadual de ensino.

Durante o mês de abril, várias escolas estaduais de Minas Gerais programaram atividades especiais em comemoração ao Dia de Conscientização sobre o Autismo. Além de palestras e trabalhos pedagógicos, as ações envolvem apresentação de teatro, contação de histórias e brincadeiras.

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