Expedição científica percorrerá Bacia do Piracicaba em diagnóstico de rios da região
REDAÇÃO (Fonte SEMAD) – Uma pesquisa inédita sobre as condições do Rio Piracicaba e seus afluentes teve início neste domingo (26). A Expedição Piracicaba – Pela Vida do Rio saiu da cidade de Mariana, na Região Central de Minas, para realizar um estudo científico ao longo da bacia hidrográfica, além de ações de mobilização social em 21 cidades, até chegar à foz do Piracicaba, em Ipatinga, no Vale do Aço. A chegada será no dia 5 de junho, no Dia do Meio Ambiente, depois de a expedição ter percorrido 241 quilômetros desse que é um dos principais afluentes do Rio Doce.
A iniciativa está sendo organizada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba (CBH-Piracicaba) e pelo jornal Tribuna do Piracicaba – A Voz do Rio, com o apoio do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e da Universidade Federal de Itajubá (Unifei). Entre os objetivos da empreitada está também o de levantar os dados sobre a qualidade da água do Piracicaba, um dos principais cursos d’água da região. Além do levantamento científico, haverá mobilização social em prol da revitalização dos cursos d’água e nascentes e eventos de cunho socioambiental e cultural nos municípios visitados. Serão realizados 24 eventos, todos organizados pelas prefeituras. A expectativa é a de que 20 mil pessoas participem dessas ações.
A Expedição Piracicaba reunirá pesquisadores, ambientalistas, órgãos públicos, empresas e outros parceiros na elaboração de um diagnóstico inédito sobre as condições do Rio Piracicaba e da sua bacia, que integra 21 municípios e é habitada por cerca de 1 milhão de pessoas. Serão estudados parâmetros hidrológicos e de qualidade da água, uso e ocupação do solo, análise de sedimentos e identificação de fontes poluidoras.
Na avaliação do Igam, além da importância do caráter científico da expedição, a iniciativa vai contribuir para otimizar ações voltadas para a gestão de recursos hídricos. “O conceito da expedição é muito relevante porque apresenta a situação do rio, do ponto técnico e da qualidade da água, e ainda promove a aproximação da sociedade com as ações do Comitê de Bacia”, afirma o diretor de Gestão e Apoio ao Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Igam, Thiago Santana. Segundo ele, o evento deve ser fortalecido não só por todos os entes que integram a expedição, mas também, e principalmente, por todas as pessoas ao longo do Piracicaba, de modo a aprimorar o conceito de pertencimento e aproximação destes com a Bacia.
Idealizador do projeto e editor do periódico Tribuna do Piracicaba – A Voz do Rio, Geraldo Magela Dindão Gonçalves, ressalta que “a Expedição Piracicaba irá desenvolver um ótimo trabalho para toda a bacia, com o compromisso de compor um retrato inédito de um dos principais afluentes do Rio Doce”.
Análise da qualidade da água
Encontro do Rio Piracicaba com o Rio Doce, na cidade de Ipatinga
Pela primeira vez será analisada a presença de 13 microcontaminantes no rio, um modelo de levantamento ainda raro no Brasil que identifica a presença de medicamentos, produtos de beleza, plastificantes e outras substâncias que são descartadas de forma incorreta, diretamente nos cursos d’água. Os microcontaminantes são altamente nocivos para o meio ambiente e a saúde humana, mesmo em quantidades mínimas.
“Os microcontaminantes são uma preocupação em função do aumento do consumo de medicamentos, cosméticos e de diversos tipos de plásticos. Tudo isso está indo para o rio através do lançamento de esgoto e de efluentes industriais sem tratamento. É urgente avaliarmos a presença desses compostos na bacia do Rio Piracicaba”, ressalta Diego Lima, doutor em engenharia ambiental e um dos especialistas que compõem o quadro de pesquisadores da expedição.
Além dos 13 microcontaminantes, serão analisados 24 parâmetros de qualidade da água, como oxigênio dissolvido, condutividade elétrica, concentração de nitrogênio, fósforo, amônia, nitrito e de coliformes termotolerantes. Os dados obtidos serão comparados com resultados de estudos anteriores, que verificaram algumas das variáveis agora pesquisadas. As conclusões serão condensadas em uma publicação técnico-científica, cujo cronograma de lançamento se encontra em construção.
A Unifei – Campus Itabira é a responsável pela coordenação científica da expedição. A instituição é equipada com um dos mais modernos laboratórios de engenharia ambiental do Brasil e atuará nos trabalhos de coleta, análises laboratoriais e elaboração de relatórios técnicos.
As amostras serão coletadas em 28 pontos do Rio Piracicaba, ao longo dos 241 quilômetros de extensão do leito. Os pesquisadores seguirão os requisitos da norma internacional ISO 17025, que garante a qualidade, confiabilidade e a rastreabilidade dos resultados.
Espera-se que o levantamento auxilie gestores na elaboração de políticas públicas de recuperação e conservação, uma vez que terão à disposição um amplo e detalhado retrato sobre as condições da Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba.
Outros Desdobramentos
Além dos resultados esperados já citados, a Expedição contribuirá para a Revisão do Plano de Bacia, projeto que será desenvolvido entre o segundo semestre de 2019 e primeiro semestre de 2020 pelo CBH-Piracicaba. Uma maior integração da bacia também é esperada como desdobramento da iniciativa.
Serão produzidos registro audiovisual de todo o percurso e atividades desenvolvidas, exposição fotográfica itinerante nas cidades da bacia entre 2019 e 2020 e a publicação de uma revista que trará a participação de cada município no projeto, além do livro- relatório mencionado anteriormente, além do livro- relatório mencionado anteriormente.
União de Esforços
Oitenta e dois atores apoiam e participam da Expedição Piracicaba, todos envolvidos direta e indiretamente na construção de políticas públicas de recuperação e preservação de recursos hídricos. É o caso dos comitês das bacias hidrográficas do Rio Doce e do Rio das Velhas, das 21 prefeituras das cidades que compõem a bacia e das câmaras municipais de Rio Piracicaba, Nova Era, João Monlevade, São Gonçalo do Rio Abaixo, Mariana, Bela Vista de Minas, São Domingos do Prata, Barão de Cocais e Itabira.
Também são parceiros da Expedição a Agência Nacional de Águas (ANA), Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Emater, Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Companhia de Polícia Militar de Meio Ambiente (Cia Mamb), Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, Ministério Público de Minas Gerais, associações dos municípios do Médio Piracicaba (Amepi) e do Vale do Aço (Amva), Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Itabira, Departamento de Água e Esgoto (DAE) de João Monlevade, Parque Estadual do Rio Doce (PERD) e Usina Hidrelétrica Guilman Amorim, além de diversas ONG’s e entidades da sociedade civil.
SAIBA MAIS:
EXPEDIÇÃO PIRACICABA – PELA VIDA DO RIO
• Início: 26 de maio, a partir das 10h – Cerimônia na Praça Gomes Freire, em Mariana.
• Encerramento: 5 de junho (Dia Mundial do Meio Ambiente), a partir das 9h – Evento na Avenida Itália, Bairro Cariru, em Ipatinga.
• 21 cidades percorridas.
• 16 pesquisadores envolvidos.
• 8 colaboradores em atividades de mobilização, divulgação e apoio.
• 82 parceiros, entre órgãos públicos, empresas, ONG’s e lideranças sociais e ambientais.
• 37 indicadores serão contemplados na elaboração do diagnóstico da bacia.
• 24 eventos de cunho socioambiental e cultural promovidos.
• Projeção de 20 mil pessoas alcançadas durante os eventos.
O RIO PIRACICABA E SUA BACIA HIDROGRÁFICA
• A bacia tem 5.465 km2 de área.
• O Rio Piracicaba tem 241 km de extensão.
• Os principais afluentes são os rios Turvo, Conceição, Una, Machado, Santa Bárbara, Peixe e Prata.
• Cerca de 100 córregos e ribeirões deságuam no Rio Piracicaba.
• O bioma predominante da bacia era a Mata Atlântica. No entanto, mais de 90% da cobertura vegetal original foram perdidos.
• O Rio Piracicaba tem topografia acidentada e há alto índice de erosão.
• A Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba abriga o maior parque siderúrgico da América Latina, que, em conjunto com a mineração, forma a principal atividade econômica da região