sexta-feira, novembro 22, 2024
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Audiência Pública na Câmara de Ipatinga debate privatizações

Ipatinga – A ameaça de privatização das empresas públicas brasileiras por parte do Governo Federal foi debatida na noite da última quinta-feira (08/08), na Câmara Municipal de Ipatinga durante uma audiência pública solicitada pela vereadora Lene Teixeira (PT) e realizada em parceria com o Sindicato dos Bancários de Ipatinga e região (SEEB).

Para o evento, foram convidados representantes de diversas empresas públicas, sobretudo, estabelecimentos bancários. Representando a Caixa Econômica Federal, Clotário Cardoso fez uma detalhada exposição sobre a importância dos bancos públicos para o Brasil e também para a região do Vale do Aço.

De acordo com Cardoso, que também atua como diretor de administração e finanças da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), os bancos públicos são fundamentais para o desenvolvimento econômico do país.

“São os bancos públicos que fazem a regulação do mercado financeiro, geram empregos diretos e indiretos, operam políticas públicas, como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida, que desde 2009 entregou mais de 4 milhões de unidades”, disse.

Ainda sobre o Minha Casa, Minha Vida, Cardoso apresentou dados do sistema bancário no Vale do Aço, que mostram que há, na região, 42 agências, sendo 26 pertencentes a bancos privados e 16 de bancos públicos. No entanto, são as empresas públicas as maiores responsáveis por empréstimos e financiamentos. Cardoso trouxe como exemplo a questão habitacional: “não há, no Vale do Aço, financiamento imobiliário realizado por banco privado. Então, se a Caixa e o Banco do Brasil desaparecem hoje, o Santander, o Itaú, o Bradesco não vão querer financiar unidades habitacionais para a população de baixa renda”, disse.

Falando sobre o Banco do Brasil, Wagner Nascimento, representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf), explicou que a diferença básica entre os bancos públicos e privados está na questão do lucro.

“A concessão de crédito dos bancos públicos não visa diretamente o lucro. O acesso ao crédito é para o desenvolvimento. Eles atuam em beneficio de uma comunidade”, afirmou citando exemplos dos créditos habitacional e rural.

Wagner trouxe ainda informações acerca dos bancos públicos em diferentes países. Segundo ele, na Europa, 40% dos bancos são públicos e nos Estados Unidos o número vem crescendo.

Ainda de acordo com Wagner, a grande preocupação com a possível privatização dos bancos públicos é a respeito do financiamento para os mais pobres. “Quem faz financiamento agrícola para pequeno agricultor e pra moradia é o Banco do Brasil e a Caixa. É uma questão de desenvolvimento do país. Tem cidade que acaba se tirar os bancos públicos”, disse.

CORREIOS

Além da privatização dos bancos públicos, foi debatido também o interesse da venda de outras empresas públicas como a Copasa, a Cemig e os Correios.

João Nascimento, representante do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de Minas Gerais, afirmou ser importante desconstruir o mito de que tudo que é público é ruim. “O povo não sabe que os Correios são os responsáveis pela vacina em todo o Brasil, pelo material escolar que chega em janeiro no país todo, pela questão dos transplantes, dos medicamentos, tudo isso passa pelos Correios”, disse a respeito da maior estatal brasileira em número de trabalhadores, com cerca de 100 mil empregados.

Para Lene Teixeira, é importante refletir sobre os interesses por trás da possível venda das empresas públicas brasileiras. “É evidente que ninguém quer comprar algo que seja ruim. Mas todo mundo está querendo comprar nossos bancos, nossas empresas. Isso é porque o lucro é significativo”, pontuou.

A audiência contou ainda com a presença do secretário-geral da CUT Minas, Jairo Nogueira Filho, e de Emerson Andrada, falando sobre a Copasa e Cemig, respectivamente, e da deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT).

Como encaminhamento, o público deliberou a criação de uma comissão que ficaria encarregada de criar um movimento a nível local contrário às privatizações.

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