40 pessoas deixam de morar nas ruas de Ipatinga em 2018
IPATINGA – “O meu sonho é poder rever minha família e mostrar que estou conseguindo me reerguer”. Este é o pequeno relato do ajudante Hugo Balbino da Silva, 39 anos, que há 12 anos saiu de casa por causa das drogas e foi morar nas ruas. “Passei uma vida muito triste. Vivi o desprezo, o preconceito e o pior de tudo, a fome”, disse. Longe das ruas, atualmente Hugo trabalha como voluntário em uma casa de recuperação no bairro Caravelas e ainda faz pequenos serviços de ajudante para possuir uma renda mensal para pagar o aluguel de onde mora.
A situação que Hugo viveu é a mesma de milhares de brasileiros. Uma pesquisa publicada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com base em dados de 2015 projetou que o Brasil tem mais de 100 mil pessoas vivendo nas ruas. Em Ipatinga, a estimativa da Secretaria Municipal de Assistência Social é que cerca de 300 pessoas estão em situação de rua. Conforme a Secretaria de Assistência Social, entre janeiro e dezembro de 2018, 40 pessoas deixaram de viver nas ruas de Ipatinga graças aos serviços ofertados pelo município. O número é considerado positivo em virtude das inúmeras dificuldades vividas por estas pessoas, sejam com as drogas, estrutura familiar e a pouca oportunidade no mercado de trabalho.
Do total de pessoas que saíram da situação de rua, 10 retornaram para suas famílias, 24 constituíram moradia, 4 foram encaminhados para comunidades terapêuticas para tratamento de dependência química e outros dois para asilos.
Para atender a demanda, o município de Ipatinga dispõe de políticas públicas voltadas para a pessoa em situação de rua, como a Casa de Acolhimento Parusia (Albergue), o Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua (Centro Pop) e o Consultório na rua. Hugo foi uma das pessoas que desejou parar com o uso de drogas e procurar ajuda junto ao município. “A vergonha me fez procurar a Casa de Acolhimento, onde por meses fui muito bem tratado, participei de oficinas, palestras, e hoje já tenho um lar próprio e um trabalho voluntário para ajudar outras pessoas que precisam sair das drogas”, finalizou.
Em 2018, a Casa de Acolhimento Parusia (Albergue de Ipatinga) disponibilizou 5.719 almoços, 11.854 pernoites e 698 banhos. O serviço oferta diariamente para pessoas em situação de rua 50 vagas para banho, jantar, pernoite e café da manhã.
Centro Pop
A população em situação de rua conta também em Ipatinga com os serviços do Centro Pop. A unidade serve de espaço para higiene pessoal, guarda temporária de pertences, lavagem de roupas, atendimento psicossocial individualizado, convívio em grupo, e atividades que favoreçam a emancipação do cidadão, como encaminhamento para segunda via de documento e para outros serviços da rede socioassistencial, além de atenção ao migrante. O Centro Pop ainda promove a inserção da população em situação de rua na rede de proteção social.
De acordo com Daniel Guedes, gerente da sessão de proteção de alta complexidade, a rede de proteção social integra vários serviços de políticas setoriais. “Os equipamentos que ofertam os serviços destinados a este público criam possibilidades para contemplá-lo na reinserção familiar, segurança alimentar, emancipação, educação e saúde”, esclarece Daniel.
As pessoas interessadas em acessar os serviços do Centro Pop podem se dirigir à rua Pouso Alegre, nº 34, no Centro de Ipatinga, de segunda a sexta-feira, de 7h às 17h. Além dos órgãos do Sistema de Garantia de Direitos responsáveis por identificar e encaminhar para o Centro Pop, qualquer cidadão poderá orientar a pessoa em situação de rua a procurar a rede municipal de Assistência Social. “É importante que a população saiba que não é tirando as pessoas das ruas que a situação será resolvida. Essas pessoas têm o direito de ir e vir como qualquer outra, mas é necessário que todos saibam que elas também têm deveres, e para isso, o município disponibiliza políticas públicas para que a pessoa em situação de rua saia desta condição”, lembra o secretário de Assistência Social Lúcio Aguiar Ferreira, acrescentando que “a pessoa em situação de rua para sair desta condição tem que desejar ser alcançado pelas políticas públicas ofertadas pelo município”.