sexta-feira, novembro 22, 2024
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Centro Mineiro de Toxicomania recebe habilitação para garantir suporte integral a seus usuários

REDAÇÃO – O Centro Mineiro de Toxicomania (CMT) já está autorizado, pelo Ministério da Saúde, para atuar como Centro de Atenção Psicossocial 3 (Caps Ad 3). Como resultado da última etapa do processo de credenciamento, iniciado para ampliação do atendimento da unidade, o espaço agora é denominado Centro Mineiro de Toxicomania – Cersam Ad Centro-Sul.

Com a habilitação, o CMT agora pode, definitivamente, oferecer hospitalidade noturna a seus usuários. O credenciamento veio como resultado de uma parceria entre a unidade, o Colegiado de Saúde Mental (criado em 2015) e a Diretoria Assistencial da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), orientados pela política de saúde mental de Belo Horizonte e pelas políticas de álcool e outras drogas do Ministério da Saúde.

O processo de credenciamento foi um projeto de ampliação do atendimento da unidade iniciado na gestão da diretora Daniela Dinardi, em março de 2015, e finalizado pela nova diretora Mônica Quadros, que assumiu a gestão em setembro deste ano.

Em setembro, a unidade já havia anunciado a abertura de quatro leitos destinados ao atendimento noturno. Agora, pouco mais de três meses depois, o Ministério da Saúde autorizou a habilitação pleiteada pelo Centro Mineiro de Toxicomania.

Atenção integral

Na prática, isso significa que a unidade passa a oferecer atenção integral em saúde mental, com funcionamento 24 horas.

“Agora, estamos colhendo os frutos de um trabalho de quase quatro anos. No noturno trabalham enfermeiros e técnicos de enfermagem e a retaguarda é realizada pelo Serviço de Urgência Psiquiátrica de Belo Horizonte (SUP), que dá o aporte do profissional médico”, ressalta a diretora, Mônica Quadros.

Como Caps Ad 3, o CMT se torna referência para as regionais Centro-Sul e Leste da capital mineira, além de atuar de forma integrada aos dispositivos da Rede de Atenção Psicossocial (Raps), como os centros de saúde dos distritos Centro-Sul e Leste, consultório de rua Centro-Sul, centros de convivência, unidades de acolhimento transitório, Serviço de Urgência Psiquiátrico (SUP) Upa, Samu e demais Cersams.

“Além disso, participamos das supervisões clínicas mensais dos distritos Centro e Leste, das reuniões de microáreas e dos fóruns de discussão dos trabalhadores. E assim vamos sustentando o cuidado em liberdade e o processo de reforma psiquiátrica na nossa cidade e no nosso país”, pondera a terapeuta ocupacional e ex-diretora do CMT, Daniela Dinardi.

Serviço em liberdade

Mônica Quadros destaca como maior ganho do credenciamento a possibilidade de se garantir aos usuários um suporte integral, no sentido de que não é mais necessário o encaminhamento para unidades externas, “a gente faz as vias de uma internação, mantendo a premissa primordial do serviço em liberdade”, observa.

Em sua rotina habitual, nos últimos três anos, a unidade atendeu a uma média anual de mais de 600 pacientes cadastrados. Numa avaliação recente, realizada com a equipe multiprofissional do CMT, ficou claro o quão importante é a continuidade do cuidado com a hospitalidade noturna.

“Os usuários também têm sinalizado de forma positiva. Eles, surpreendentemente, deram mostras de compreender a hospitalidade noturna como ponto importante do cuidado e sua destinação a usuários mais graves e em crise”, revela Mônica.

Ganho para a cidade

A avaliação da demanda para a hospitalidade noturna é realizada diariamente pela equipe multiprofissional do CMT. “Tem usuário que fica uma semana, outro um ou alguns dias. A permanência depende do perfil de cada um, do seu plano terapêutico singular”, conta Mônica.

Com o credenciamento, o CMT agora integra o sistema de leitos de Belo Horizonte, o que implica em importante ganho para a cidade, que passa a contar com mais quatro leitos (a se somar aos cerca de 70 leitos já existentes em todo o sistema).

Segundo Mônica, o CMT “compõe e fortalece a Rede Municipal de Belo Horizonte (Rede SUS BH) que não existia até então, pois não havia pactuação com a rede de urgência”, o que dificultava o encaminhamento dos pacientes para outras unidades, pois não havia uma interlocução mais aprofundada com os diversos integrantes dos serviços de saúde mental, esclarece a diretora.

35 anos

O ano de 2018 foi importante para os mais de 70 servidores (entre pessoal administrativo e da assistência) que atuam no CMT, pois, além da conquista da certificação, eles também comemoraram os 35 anos da unidade.

Para se ter uma ideia, até 2008, por duas décadas e meia, o CMT foi o único serviço de BH para atendimento à população usuária de álcool e outras drogas. Daquele ano em diante, mais três caps ad foram criados na cidade e integrados à rede de atenção psicossocial.

A comemoração dos 35 anos do CMT se deu no contexto da 27ª edição de sua tradicional Jornada de Trabalhos que, anualmente, reúne profissionais da saúde mental de Minas Gerais e de outros estados do país. Neste ano, foram mais de 300 participantes, todos convidados a pensar a política, a clínica e a formação a partir do questionamento “Em nome do mercado: quanto vale a sua ética”. Houve, também, participação de usuários do serviço, por meio da exposição de painéis criados coletivamente.

Referência em saúde mental

Segundo Daniela Dinardi, Belo Horizonte é reconhecida nacionalmente como referência em saúde mental. Para ela, o CMT experimentou muitos avanços ao longo de sua história.

“O CMT foi, e ainda é, uma referência para a assistência aos toxicômanos, assim como um lugar de formação para os trabalhadores do SUS. A clínica das toxicomanias é uma clínica complexa e que exige outros dispositivos além do serviço, e de articulações em outros campos como na cultura, nas artes, na educação, esporte, direitos humanos, assistência social, no campo do direito e outros que vão surgindo, à medida que a rede de atendimento vai sendo construída a partir da singularidade do que cada caso clínico nos apresenta”, explica a ex-diretora.

Daniela ressalta, ainda, a proposta do CMT de construção de um saber fazer com os toxicômanos. “Nosso trabalho é a criação de um vínculo, mas deixando claro que o CMT é um lugar de passagem”, enfatiza

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